#1 Saiba por que o Megaupload foi fechado Sex Jan 20, 2012 3:36 pm
EndII
Novato
A Primeira Guerra Virtual foi declarada. Na tarde de ontem (19), agentes do FBI fecharam o site de hospedagem de arquivos Megaupload,
provocando a reação irada de milhares de pessoas em todo o mundo. Entre
as acusações, estão crimes como violação de direitos autorais e outro
pouco comentado, mas que merece bastante atenção: lavagem de dinheiro.
Horas após o anúncio do bloqueio do site, o grupo hacker Anonymous reagiu, derrubando o site do FBI e o de outras entidades que apoiaram o SOPA,
como a Universal Music, a RIAA (Associação das Gravadoras), MPAA
(Associação Cinematográfica) e até mesmo a página da Justiça
norte-americana.
Embora o fato tenha ocorrido no dia seguinte a uma série de protestos
de grandes sites contra o projeto de lei norte-americano, é preciso ter
bastante cuidado antes de condenar ou defender o Megaupload, uma vez
que as denúncias não se limitam aos direitos autorais, como é o caso da
abrangência do SOPA. Segundo as acusações, há muito mais coisa errada no
funcionamento do site do que você possa imaginar.
De acordo com a procuradoria federal norte-americana, o site
Megaupload faturou mais de US$ 175 milhões desde a sua abertura, em
2005. A maior parte desse dinheiro teria sido adquirida mediante a
violação de direitos autorais, ou seja, compartilhamento de arquivos
cujos autores não receberam um centavo sequer pelo uso da obra.
Além disso, muitos dos seus funcionários teriam enriquecido de
maneira rápida e injustificada, caracterizando fraude em impostos e
ganhos não declarados. Um dos exemplos citados é o do eslovaco Julius
Bencko, designer gráfico do site, que teria recebido mais de US$ 1
milhão apenas em 2010.
Outros seis indivíduos citados no processo possuem juntos 14
automóveis Mercedes, com placas personalizadas como “MAFIA”, “HACKER”,
“EVIL” e “GUILTY”. Além disso,dois Maserati, um Rolls Royce e um
Lamborghini completam a lista de carros de luxo, adquiridos de uma
maneira que ninguém ainda conseguiu explicar.
Além das prisões de funcionários do site nos Estados Unidos, o
fundador do Megaupload, Kim Schmitz, foi preso na tarde de ontem na Nova
Zelândia. Segundo informações das autoridades locais, ele teria resistido à prisão trancafiando-se dentro de uma sala-cofre com uma espingarda de cano curto.
[center]
O Megaupload controla 525 servidores no estado de Vírginia, nos
Estados Unidos, e outros 630 na Holanda, além de pequenas centrais
espalhadas pelo mundo. Ao longo dos seis anos de existência, o site foi
notificado várias vezes sob a acusação de estar hospedando conteúdo
ilegal, ainda que upado por terceiros.
O modelo de negócios adotado por Kim Schmitz não impediu o CEO da
companhia de disparar também contra os seus concorrentes. Em uma parte
do processo, de 72 páginas, há um suposto email de Schmitz enviado ao
PayPal em que ele afirma que a sua equipe jurídica está “se preparando
para processar alguns de nossos concorrentes e expor as suas atividades
criminosas”.
“Gostaríamos de aconselhá-los a não trabalhar com sites que pagam até
mesmo por conteúdo pirata, como o Fileserve, o Videobb, o Filesonic, o
Wupload e o Uploadstation; eles estão prejudicando a imagem e a
existência de indústria de compartilhamento de arquivos”, finaliza.
Ironia ou não, é sabido que o modelo de negócios do Megaupload é
exatamente o mesmo dos concorrentes citados.
Correspondências como essa comprovam outra das denúncias que constam
no processo contra o Megaupload. O documento alega que o site teve
várias adulterações apenas para ganhar um aspecto mais legítimo. O Top
100, por exemplo, não corresponde exatamente à lista de downloads mais
populares.
Os funcionários estavam cientes do risco e sabiam como o site estava
sendo usado. Ao fazer pagamentos por meio do sistema de recompensas para
uploaders, muitas vezes o material postado nas contas era analisado e,
ainda que ilegal, como filmes pornográficos, softwares keygenerators,
DVDs e CDs, ainda assim a companhia fazia vistas grossas e seguia os
trâmites financeiros normalmente.
Em outro email trocado por funcionários da empresa, um dos
colaboradores afirma textualmente: “Nós não somos piratas, apenas somos o
meio de transporte para a pirataria”. De acordo com o PAS, que analisa o
tráfego de dados de mais de 1,6 mil corporações no mundo, apenas 57% do
tráfego do Megaupload é monitorado.
Sites concorrentes como o Dropbox chegam a ter 76% de conteúdo
analisado. O PAS afirma ainda que entre os 20 tipos de arquivo mais
compartilhados, 6 deles eram softwares, 8 eram jogos e 6 eram
relacionados a filmes. Ou seja, por mais que o site alegue que os seus
arquivos mais baixados são legais, o tráfego de dados mostra justamente o
contrário.
[b]A caçada continua[/b]
O caso Megaupload está sendo considerado um dos mais importantes já
realizados devido à sua proporção. Países como Estados Unidos, Hong
Kong, Holanda, Reino Unido, Alemanha, Canadá e Filipinas estão
cooperando nas buscas internacionais e, além das prisões de ontem,
outros 20 mandados de busca foram executados hoje em vários países.
Embora as prisões ocorram apenas um dia depois dos protestos contra o SOPA,
não há relação direta entre as duas coisas e, ao que parece, a situação
do Megaupload é bastante comprometedora, independente da aprovação da
lei.
Seja qual for o veredicto, é preciso investigar o caso e aguardar a
conclusão dos processos. Independente de os internautas estarem
decepcionados por perder uma das suas principais fontes de download — e
que hospedava também bastante conteúdo de acordo com a lei —, pelo visto
há crimes maiores que só agora vieram à tona e merecem sim atenção por
parte das autoridades.
[center]
provocando a reação irada de milhares de pessoas em todo o mundo. Entre
as acusações, estão crimes como violação de direitos autorais e outro
pouco comentado, mas que merece bastante atenção: lavagem de dinheiro.
Horas após o anúncio do bloqueio do site, o grupo hacker Anonymous reagiu, derrubando o site do FBI e o de outras entidades que apoiaram o SOPA,
como a Universal Music, a RIAA (Associação das Gravadoras), MPAA
(Associação Cinematográfica) e até mesmo a página da Justiça
norte-americana.
Embora o fato tenha ocorrido no dia seguinte a uma série de protestos
de grandes sites contra o projeto de lei norte-americano, é preciso ter
bastante cuidado antes de condenar ou defender o Megaupload, uma vez
que as denúncias não se limitam aos direitos autorais, como é o caso da
abrangência do SOPA. Segundo as acusações, há muito mais coisa errada no
funcionamento do site do que você possa imaginar.
De acordo com a procuradoria federal norte-americana, o site
Megaupload faturou mais de US$ 175 milhões desde a sua abertura, em
2005. A maior parte desse dinheiro teria sido adquirida mediante a
violação de direitos autorais, ou seja, compartilhamento de arquivos
cujos autores não receberam um centavo sequer pelo uso da obra.
Além disso, muitos dos seus funcionários teriam enriquecido de
maneira rápida e injustificada, caracterizando fraude em impostos e
ganhos não declarados. Um dos exemplos citados é o do eslovaco Julius
Bencko, designer gráfico do site, que teria recebido mais de US$ 1
milhão apenas em 2010.
Outros seis indivíduos citados no processo possuem juntos 14
automóveis Mercedes, com placas personalizadas como “MAFIA”, “HACKER”,
“EVIL” e “GUILTY”. Além disso,dois Maserati, um Rolls Royce e um
Lamborghini completam a lista de carros de luxo, adquiridos de uma
maneira que ninguém ainda conseguiu explicar.
Além das prisões de funcionários do site nos Estados Unidos, o
fundador do Megaupload, Kim Schmitz, foi preso na tarde de ontem na Nova
Zelândia. Segundo informações das autoridades locais, ele teria resistido à prisão trancafiando-se dentro de uma sala-cofre com uma espingarda de cano curto.
[center]
O Megaupload controla 525 servidores no estado de Vírginia, nos
Estados Unidos, e outros 630 na Holanda, além de pequenas centrais
espalhadas pelo mundo. Ao longo dos seis anos de existência, o site foi
notificado várias vezes sob a acusação de estar hospedando conteúdo
ilegal, ainda que upado por terceiros.
O modelo de negócios adotado por Kim Schmitz não impediu o CEO da
companhia de disparar também contra os seus concorrentes. Em uma parte
do processo, de 72 páginas, há um suposto email de Schmitz enviado ao
PayPal em que ele afirma que a sua equipe jurídica está “se preparando
para processar alguns de nossos concorrentes e expor as suas atividades
criminosas”.
“Gostaríamos de aconselhá-los a não trabalhar com sites que pagam até
mesmo por conteúdo pirata, como o Fileserve, o Videobb, o Filesonic, o
Wupload e o Uploadstation; eles estão prejudicando a imagem e a
existência de indústria de compartilhamento de arquivos”, finaliza.
Ironia ou não, é sabido que o modelo de negócios do Megaupload é
exatamente o mesmo dos concorrentes citados.
Correspondências como essa comprovam outra das denúncias que constam
no processo contra o Megaupload. O documento alega que o site teve
várias adulterações apenas para ganhar um aspecto mais legítimo. O Top
100, por exemplo, não corresponde exatamente à lista de downloads mais
populares.
Os funcionários estavam cientes do risco e sabiam como o site estava
sendo usado. Ao fazer pagamentos por meio do sistema de recompensas para
uploaders, muitas vezes o material postado nas contas era analisado e,
ainda que ilegal, como filmes pornográficos, softwares keygenerators,
DVDs e CDs, ainda assim a companhia fazia vistas grossas e seguia os
trâmites financeiros normalmente.
Em outro email trocado por funcionários da empresa, um dos
colaboradores afirma textualmente: “Nós não somos piratas, apenas somos o
meio de transporte para a pirataria”. De acordo com o PAS, que analisa o
tráfego de dados de mais de 1,6 mil corporações no mundo, apenas 57% do
tráfego do Megaupload é monitorado.
Sites concorrentes como o Dropbox chegam a ter 76% de conteúdo
analisado. O PAS afirma ainda que entre os 20 tipos de arquivo mais
compartilhados, 6 deles eram softwares, 8 eram jogos e 6 eram
relacionados a filmes. Ou seja, por mais que o site alegue que os seus
arquivos mais baixados são legais, o tráfego de dados mostra justamente o
contrário.
[b]A caçada continua[/b]
O caso Megaupload está sendo considerado um dos mais importantes já
realizados devido à sua proporção. Países como Estados Unidos, Hong
Kong, Holanda, Reino Unido, Alemanha, Canadá e Filipinas estão
cooperando nas buscas internacionais e, além das prisões de ontem,
outros 20 mandados de busca foram executados hoje em vários países.
Embora as prisões ocorram apenas um dia depois dos protestos contra o SOPA,
não há relação direta entre as duas coisas e, ao que parece, a situação
do Megaupload é bastante comprometedora, independente da aprovação da
lei.
Seja qual for o veredicto, é preciso investigar o caso e aguardar a
conclusão dos processos. Independente de os internautas estarem
decepcionados por perder uma das suas principais fontes de download — e
que hospedava também bastante conteúdo de acordo com a lei —, pelo visto
há crimes maiores que só agora vieram à tona e merecem sim atenção por
parte das autoridades.
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